Evitar que o controle político local "caia nas mãos de forasteiros" é uma das maiores preocupações dos políticos de Goiana, segundo informou o presidente da Câmara Municipal da cidade, João Bosco. A outra é garantir que a população atual usufrua ao máximo do desenvolvimento e os novos empregos que serão gerados na região.
A estimativa de novos empregos já se incorporou ao tom de campanha. O governo estadual e a prefeitura de Goiana estimam que, nos próximos 10 anos, serão gerados 50 mil empregos em decorrência da chegada da Fiat. Leva-se em consideração os empregos diretos e indiretos, o que inclui, além das indústrias de autopeças, a construção da rodovia que vai ligar a fábrica ao porto de Suape. Ainda assim, é um número hiperbólico. A maior indústria automobilística do país, a Volks emprega diretamente 25 mil pessoas em quatro fábricas. A indústria de autopeças no Brasil inteiro gera 235 mil vagas.
De acordo com o prefeito da cidade, Henrique Fenelon, o total de investimentos poderá chegar a R$ 12 bilhões, levando a população da cidade a mais que triplicar quando todos os empreendimentos prometidos estiverem em plena operação. Por esse motivo, além de investir na qualificação profissional dos goianenses, há, segundo ele, a necessidade de preparar a infraestrutura do município para evitar o processo de favelização.
Nesse sentido, Fenelon informou que pouco mais de 4,8 mil unidades habitacionais estão sendo construídas na cidade. Também está prevista a chegada de uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e outra do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), ambas visando a qualificação da mão de obra e do empresariado, hoje despreparados para atender à demanda dos novos empreendimentos.
A estrutura atual de ensino técnico deixa a desejar. Apesar de Goiana contar com uma Escola Técnica Estadual, a unidade oferece apenas os cursos de Redes de Computadores e de Hotelaria. "O mais impressionante é que Goiana não tem hotel", ironizou o empresário Walter Fernando Batista, dono da Escola Técnica Curso Nobre, voltada ao ensino profissionalizante.
Segundo ele, a procura por cursos como segurança do trabalho, edificações, mecânica, eletrotécnica e soldagem disparou após o anúncio da fábrica da Fiat. "Existe uma ansiedade nas pessoas pelos cursos. Estamos recebendo alunos do sul da Paraíba e até de João Pessoa", informou o empresário.
No campo político, há a impressão de que a fábrica de automóveis deverá trazer consigo a tradicionalmente atuante categoria dos metalúrgicos. Atualmente, o sindicato considerado mais relevante em Goiana é o dos servidores públicos municipais, ligado a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ainda assim, tem atuação bastante discreta, segundo relatos de políticos locais.
A sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Município de Goiana (Sinsepumg) foi visitada pelo Valor, mas estava fechada. Seus dirigentes não foram encontrados.
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